Feijoada de Inverno 2011


A Feijoada de Inverno, um dos eventos mais importantes do calendário de festas em Mato Grosso, movimentou o final de semana passado. Sob comando do jornalista Fernando Baracat, várias atrações agitaram jovens, descolados, empresários e culturetes. 

Não faltou animação e muita energia no evento que movimentou a sociedade, com muito requinte, luxo e gente bonita.  

Veja algumas fotos de quem marcou presença



 Fonte: Midia News

Casa Prado se renova há 56 anos e lídera no segmento de vestuário masculino

O site www.hipernoticias.com.br que tem como editor chefe o competentíssimo jornalista Kleber Lima, prestigia as empresas consolidadas e tradicionais de Cuiabá e Mato Grosso na seção Case de Sucesso. Nesta semana a Casa Prado é o destaque, que com autorização, reproduzimos abaixo.

Casa Prado se renova há 56 anos para ter mercado garantido
Líder no segmento de vestuário masculino mostra como obter ‘fatias’ importantes no mercado, com inovação customização. Casa Prado prova que empresa familiar pode dar certo!



POR ISADORA SPADONI
Quando o senhor José Rodrigues do Prado faleceu, em 1988, numa sexta-feira, 8 de abril, seu filho Geraldo Prado teve que superar a grande perda e tomar conta, já na segunda-feira, de um segmento que até então desconhecia: o de vestimentas masculinas. O engenheiro, com 37 anos de idade e 9 de formação, passou a ser dono da loja considerada a mais tradicional em Cuiabá: a Casa Prado. Hoje, a marca já está sob os cuidados da terceira geração, muito bem administradas pelos dois netos do fundador, Geraldo José e Priscila, e sob a supervisão do pai Geraldo, que exerce a função de conselheiro.

A segmentação de mercado, estratégia hoje muito adotada pelas empresas, há 50 anos era considerada inovadora e até atrevida. E foi exatamente isso que propôs a Casa Prado, ao iniciar as atividades em 11 de fevereiro de 1955, no mesmo lugar onde funcionava a antiga loja “A Carioca”, de propriedade do Lima Barros, pai de Anildo Lima Barros, ex-prefeito de Cuiabá. 

Fotos: Mayke Toscano

ARTIGOS PARA CAVALHEIROS
Tão logo Prado comprou o ponto, promoveu uma grande liquidação para pôr fim ao estoque composto por artigos de cama, mesa e banho e passou a vender apenas “artigos para cavalheiros”. O neto, Geraldo José, reconhece a importância dos feitos de seu avô para o mercado da época. “Só existiam aqueles ditos armarinhos, lojas que vendiam de tudo. E o meu avô optou por fazer uma coisa que é considerada muito moderna até para os tempos atuais”, conta o administrador.

A loja ficava localizada no início da atual Avenida Getúlio Vargas, próxima a Tenente-Coronel Duarte, a Prainha, que naquela época era um córrego e não uma avenida. A família Prado residia nas proximidades, e Geraldo já ali apresentava suas primeiras características de empreendedor: nas chuvas, pegava as pepitas de ouro que lavravam no córrego da Prainha, e as vendia na antiga Rua do Meio. Com o progresso, tudo foi derrubado, e a Casa Prado que ficava no meio da atual Getúlio Vargas, foi para a Praça Albuquerque, do extinto Banerj (Banco do Estado do Rio de Janeiro).

CREDIBILIDADE AOS “PAUS RODADOS”
Geraldo se comove ao descrever o caráter humano e carismático de seu pai, que com o trabalho conseguiu posicionar a marca Casa Prado e deixar como herança uma clientela fortalecida, repleta de lembranças. “Ele era uma pessoa diferente, tinha um dom para o comércio muito forte, e um carisma fora do sério. Clientes antigos que tinham contato com ele se emocionam ao tocar nesse assunto”.

Prado oferecia um trabalho diferenciado que ultrapassava a mera personalização de atendimento e que atingia também o social. Aos clientes recém-chegados na Capital, os ditos “paus rodados”, Prado lhes oferecia crédito. Ao noivo prestes a casar, sem condições de pagar por um terno, lhe era dado voto de confiança de que, tão logo tivesse condições, poderia pagar. Geraldo conta que certa vez, uma senhora, com 15 dias que havia chegado em Cuiabá, foi até a loja comprar uma camisa para o esposo, e ao fazer o pagamento percebeu que não havia levado a carteira, decidindo deixar a camisa para buscar em outro momento. Prado então, após insistir para que ela levasse, e tendo a senhora recusado, pediu para que um funcionário a seguisse até sua residência, com a camisa empacotada em mãos, e entregasse em suas mãos.

Hoje é nítido que muito mudou. As empresas optaram em não adotar mais o sistema de crediários e qualificam seus clientes de acordo com seus dados cadastrais no SPC e Serasa. Mas a confiança dada pelo senhor Prado aos que mais necessitaram foi o alicerce de seu legado.
HERANÇA
Geraldo José conta que, apesar da tradição que leva a marca e dos seus 56 anos de atuação no mercado, as dificuldades existem como em qualquer negócio. “Tem gente que acha que a Casa Prado é só abrir as portas para começar a vender por ser uma loja antiga, tradicional, com muitos clientes. Mas a realidade é bem diferenciada”, desabafa. “O mercado é muito agressivo. Há 20 anos não havia tanta concorrência. Hoje tem que correr atrás. É uma construção diária”.

Apesar de costumes reformulados, a Casa Prado tenta manter o padrão inicial e atualmente oferece a Venda Vip. É um serviço diferenciado onde um consultor especializado da marca vai até a casa ou escritório do cliente e o atende com hora marcada. A Venda Vip conta com uma opção de consignação, onde o cliente fica com roupas para experimentar em casa, na companhia da família e só paga por aquilo que for ficar.

Para oferecer um atendimento de destaque, a empresa acredita que é importante investir no quadro de funcionários, considerados colaboradores fundamentais para o trabalho. Segundo Geraldo, os vendedores são muito valorizados, especialmente em termos financeiros. Recebem comissões que, perante o mercado, chegam a ser 40%, 50% superiores a dos concorrentes. “Por isso que os funcionários gostam de trabalhar. A gente prefere 'perder' dinheiro, pagando-os bem, mas mantendo os clientes, com o bom atendimento”, conta. No total contabilizam 35 funcionários, incluindo depósito e escritório.

CP PREMIUM
A Casa Prado, na época do senhor Prado, era, além da loja, também o nome da marca. Hoje, foi reformulada e leva o nome de CP Premium, e conta com toda a linha de alfaiataria clássica, camisa, gravatas, calças. A produção é terceirizada, principalmente dos estados de Santa Catarina e São Paulo. “O nome fica mais leve, mais comercial, com melhor sonoridade e mais fácil para fazer etiquetas”, explica Geraldo José, que se pós-graduou em marketing.

Além da CP Premium, a Casa Prado comercializa mais de 70 marcas. O modelo de seleção dos fornecedores é, em primeiro lugar, a qualidade do produto, o perfil de cliente que aquele produto atende, e sua faixa de preço. O diferencial da CP Premium frente às outras marcas está na acessibilidade de custo, para uma qualidade igual ou superior a de grandes marcas. “A marca é mais acessível, mas com a mesma qualidade do produto famoso”, pontua o pai, Geraldo.

Segundo ele, não está no objetivo da Casa Prado atender a um público em específico. A loja preza pela qualidade, e oferece diversas opções que se enquadram ao padrão. “Os produtos atingem um público amplo. Varia do gosto do cliente, e do quanto ele está disposto a pagar”, explica Geraldo José.

Esse ano a Casa Prado pretende reformular e investir mais em sua marca para desenvolver uma linha mais completa e customizada. “Vamos aumentar a atuação dela na Casa Prado, com pastas, carteiras, uma linha mais customizada”, conta Geraldo José.


FAMÍLIA PRADO
O magnetismo que converge toda a família em torno do negócio pode talvez ser explicado pelos vínculos sanguíneos, ou pelo instinto. Antes de Geraldo, engenheiro, se aproximar da Casa Prado, sua irmã Zilá, juntamente com o esposo, eram os responsáveis pela administração do empreendimento do senhor Prado, quando ainda vivo. Com a morte, em 1988, Geraldo assumiu aos poucos, comprou a parte da sociedade da irmã, se entrosou com códigos e outros mecanismos internos. “Demorou um ano para começar a engrenar. Mas com meu filho foi diferente”, conta Geraldo.

Há seis anos, Geraldo passou o bastão a Geraldo José e Priscila. Ambos, formados em administração, gostaram do desafio e rapidamente pegaram no ritmo. O próprio pai afirma que não é fácil a rotina, de acordar às 7h30 da manhã, marcar presença no escritório, sair às 18h, e fazer um tour pelas lojas dos shoppings. Visitar ao menos uma por dia. E encerrar o expediente às 22h. “É importante gostar daquilo que faz. Porque se você não gosta, o dia-a-dia no trabalho se torna muito difícil”, conta.

LOJAS
Em 1989, a Casa Prado se mudou do centro para as Goiabeiras Shopping. A decisão se deu em função da adequação de público e da acessibilidade, que segundo Geraldo, estava se tornando incompatível naquela localidade. “No centro, nossos produtos estavam muito difíceis de serem comercializados, por se tratar de ser um produto qualificado, bem acabado”. Além disso, o shopping oferece serviços de estacionamento e proporciona maior segurança. “Os nossos clientes estavam pedindo por isso”, conta.

Hoje são quatro lojas, todas nos shoppings Pantanal, Três Américas e Goiabeiras (Cuiabá), e outra em Rondonópolis, no Rondon Plaza Shopping. A abertura de uma filial em outra cidade foi um grande desafio para a marca, que acreditou na promessa da inauguração, mas que encontra muitos obstáculos nessa praça. “Estamos fazendo um trabalho de formiguinha, no boca a boca. O pessoal lá é muito bairrista”, confessa Geraldo. “Passados dez anos da inauguração da loja, agora é que estamos começando a ser considerados rondonopolitanos”, diz.

RESPEITE OS MEUS CABELOS BRANCOS
A Casa Prado pode ter sido considerada uma loja tradicional, mas hoje se encontra bem renovada. Moderna, atual. Geraldo acredita que ela se impõe até com certo respeito, frente aos concorrentes. “Se você entrar na loja de artigos masculinos, qualquer uma que seja, ao menos um vendedor que trabalha lá já passou pela Casa Prado”. Uma verdadeira escola de profissionais desse segmento.

É MUITO ORGULHO
Ver um empreendimento de 56 anos, montado pelo pai, sendo administrado pelos filhos é a maior satisfação que se pode ter, segundo Geraldo. “Acho que meu pai estaria feliz ao ver o neto dele tocando um negócio que ele abriu”, conta. “Não é uma satisfação financeira, mas sentimental. De ver um negócio dando certo, após tantas crises, planos econômicos”.

Para a família Prado, empreender é: SUCESSO

1. Dicas para quem quer iniciar um empreendimento
Geraldo: Trabalho. Trabalho. Trabalhar muito.
Geraldo José: Planejamento. Acho que a palavra é planejamento. Um bom planejamento, meta. E um bom capital de giro.

2. O que é mais difícil: fidelizar um cliente ou conquistar um novo?
Geraldo José: O mais importante é fidelizar, e o mais difícil é conseguir um novo.

3. O que é mais importante: dinheiro ou criatividade?
Geraldo: Dinheiro é o mais importante. Porque com dinheiro você contrata alguém, que vai fazer sua criatividade. Agora se você não tem dinheiro, a criatividade é só sua.
José: Acho que anda meio junto. Se você tiver criatividade, você vai ganhar dinheiro também.

4. O Custo Brasil é realmente um obstáculo para o empreendedor?
Geraldo: Você trabalha cinco meses só para pagar imposto, para dar dinheiro ao governo. A partir de junho você começa a trabalhar para pagar fornecedor, funcionários e ganhar o seu dinheiro.